A equipa responsável pela execução propôs à FPA que se procurasse também acervos em Goa, a capital administrativa do Índico durante a expansão portuguesa da qual dependia também a então província de Moçambique. A prospecção feita cedo concluiu que os acervos existentes eram de valor enorme e que se justificava planear um Módulo "Memória do Oriente". O interesse demonstrado pelas pessoas e instituições goesas pela preservação da sua memória também motivou a equipa para se lançar nesta nova fase. Para tal incluiu-se na equipa um novo membro - a Prof. Dra. Susana Sardo - cujo trabalho de investigação no âmbito dos estudos pós-coloniais e cultura expressiva, tem sido desenvolvido sobre Goa, desde 1987, do qual resultou o seu doutoramento, e um conhecimento do terreno que a equipa não tinha.
A colecção da Central Library em Goa - uma biblioteca fundada em 1817 no quadro da academia Militar em Nova Goa e transformada em Biblioteca Pública em 1832 pelo Vice-Rei D. Manuel de Portugal e Castro - alberga um variadíssimo espectro de fontes documentais no qual se incluem manuscritos e códices em português, castelhano, latim, tamil, senegalês, canarim e konkani, dos séculos XVII e XVIII e que constituem valiosos testemunhos de todo o processo de implementação e evangelização do oriente levados a cabo pelas missões de expansão portuguesas. Grande parte destes manuscritos tem origem nos conventos das ordens religiosas cuja extinção, em 1836, deu origem à deposição do seu património em organismos especialmente vocacionados para os acolher. Inclui ainda um conjunto de documentação única, publicada pela imprensa jesuíta em Goa, que engloba sete volumes das Constituições do Arcebispado de Goa publicado em 1643. Apesar da imprensa de Goa ter sido inaugurada em 1556, a impressão mais antiga publicada em Goa e à guarda da Central Library data de 1658. Todavia, o livro mais antigo presente na sua colecção é o Reportorium Cingularium Matepiarun Super, Toto, Codice, Lugdini de Baldi publicado em 1539.
Na Central Library de Goa encontra-se também a única colecção completa de periódicos noticiosos em português publicados em Goa (antigo Estado da Índia Portuguesa), desde 1856 até 1961, data da integração de Goa na União Indiana. Desde 1961 alguns periódicos continuaram a publicar certos números em português pelo que é possível também encontrá-los em depósito na Central Library. Toda a colecção do Boletim Oficial (Government Gazette), está também à guarda da biblioteca.
Neste enquadramento, a Central Library define um espaço central para os estudos associados à história portuguesa, indo-portuguesa e pós-coloniais, sendo o maior centro de documentação em língua portuguesa da Ásia. É também importante referenciar que à colecção de manuscritos e publicações periódicas se juntam cerca de 50 0000 títulos em português no domínio da história, literatura, ciências, política, música, teatro, etc., depositados na secção de história local, e que sendo em muitos casos documentos únicos, representam um património central para o estudo do pós-colonialismo associado à lusofonia.
Acresce ainda a existência em Goa, e noutros espaços associados à diáspora goesa, de um conjunto de bibliotecas privadas ou de colecções bibliográficas, com exemplares únicos ou que podem constituir alternativas às edições depositadas na Central Library, e que importa diagnosticar. Nelas se inclui as colecções depositadas na Biblioteca da Universidade de Goa pertencentes a Panduronga Piussurlencar (1864-1969), e a António do Carmo Azevedo (1903-2003), e ainda um conjunto de colecções particulares como a da Tipografia Rangel, em Bastorá, cuja actividade se estendeu entre 1886 e 1994.